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Simplicidade, o último nível de sofisticação - Marcelo Campos

  • Marcelo Campos
  • 25 de jan. de 2023
  • 3 min de leitura

Foto: Onikronos

É bom que se entenda algo de partida: o título deste artigo deve render tributos a Leonardo da Vinci, fantástica personalidade da humanidade, que chega a esta conclusão dentro de um de seus códices.


Como especializei-me em sua história, entendam minha proposta de valor acessando o Onikronos, consegui juntar sua sábia máxima com o momento de transformação vividos por algumas grandes empresas.


Dado a Cesar o que é de Cesar, busco a reflexão do leitor sobre este ponto.


A cultura corporativa está impregnada do keep it simple. Não é raro grandes empresas de incontestável sucesso exporem, orgulhosas, esta frase como um de seus valores. Por outro lado, todas as vezes que lutamos contra a natureza, nossa vida fica bem difícil. E ao observarmos nosso Universo, desde a parte física até a psicológica, vemos que a simplicidade não é algo em que se esbarra na esquina. Até se acha algo simples, que efetivamente gere valor. Por outro lado, um aprofundamento do histórico deste “algo simples” direcionará o resultado para uma das duas máximas:


1) O esforço de geração levou bastante tempo até que se atingisse a simplicidade: a ideia original não era simples.


2) Um tremendo golpe de sorte.


Portanto, de acordo com este ponto de vista, ou as empresas devem tomar cuidado com o radicalismo do keep it simple, com risco de perderem boas ideias, ou jogam dados com sua operação.


Importante eu deixar claro que meu artigo não segue um viés de crítica. Afinal, tudo tem seu tempo certo para amadurecer e florescer. Imagine Arnold Shoenberg apresentando o dodecafonismo na virada do século XVII para o XVIII. É provável que fosse acusado de ser discípulo de Lúcifer.

Ademais, o ambiente corporativo apresenta uma tirania semelhante às crianças da pré-escola quando algum indivíduo segue contra o status quo - olha... aquele amiguinho é esquisito!!!”.


Você, executivo ou operação, siga o fluxo do que todos falam e aprofunde-se no conceito. Tenha uma ótima estratégia para colocar a crítica ao que todos acham fantástico. E, caso ache que deva colocá-la, faça com parcimônia.


Tive o insight para compartilhar estas ideias ao ler o artigo de Leonardo Framil, CEO AL da Accenture, no Neofeed (https://neofeed.com.br/blog/home/a-accenture-se-reinventou-para-reinventar-seus-clientes/).


Como sempre, o Framil foi brilhante em sua clareza. Um pensamento, em especial, foi o trigger para escrever este artigo: “Tomamos a decisão de nos tornarmos mais complexos para que a vida de nossos clientes seja mais simples.”.


Tomei o cuidado de não sacar uma frase solta e colocar no contexto que eu gostaria. Enfim, em determinado momento, a Accenture entendeu que precisava incrementar a complexidade de sua operação para gerar valor. Ainda bem que nenhum de seus valores é keep it simple, pois do contrário, ou não realizaria o que prega como valor ou então não evoluiria.


Contribuindo com meus 2 cents, compartilho que durante meus 26 anos de vida corporativa, vi diversas ideias natimortas, apesar de excelentes. Nem precisa dizer o responsável... o tal do keep it simple. Altos executivos, em posição de comando e surdos para o valor associado à ideia recém colocada, sacavam o super trunfo do bolo de cartas e jogavam de forma imbatível na mesa, onde todos liam: “keep it simple” ... como eu gostaria de ter a carta de complemento: “& your business less valuable”.


Portanto, a reflexão final que deixaria:


Nada na natureza é simples. A simplicidade é um conceito que traz valor, mas é artificial. Portanto, deixe sua operação soar natural em um primeiro momento.


Não foque nos custos de implementação no momento de avaliar uma ideia. Primeiramente, foque no potencial de valor agregado a ser gerado no futuro.


O brasileiro médio acha tudo burocrático e complicado. Devido à falta de exigência desde as idades mais tenras, os cérebros nacionais em geral cansam muito rapidamente. Não aceite este patamar... exija que os cérebros de sua corporação se exercitem e tenham fôlego!


Por fim, e não menos importante, me utilizo do conceito que o Framil recordou e pelo qual tenho muita admiração também, cujos tributos desta vez devem seguir para o premier Wiston Churchill: de todas as qualidades humanas, coragem é a mais essencial delas! É a qualidade primária que gera todas as outras”.


Portanto, vai aqui a quarta linha de reflexão:

Tenha coragem de ouvir, entender e implementar, caso o valor agregado valha a pena.






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