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Planos passados para o futuro - Parte II (Final)

  • Foto do escritor: Eduardo Cupaiolo
    Eduardo Cupaiolo
  • 26 de mar. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 22 de abr. de 2023


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Pois é.


Nas organizações também chegou a hora das promessas, corporativamente chamadas de Reuniões de Planejamento. Sessões em que primeiro revemos o que foi planejado para o ano passado contra o que ocorreu no ano passado.


Sessões em que a conjuntura será a maior responsável pelo desajuste entre o planejado e o real. O dólar esteve muito baixo. Os juros, muito altos. A crise imobiliária nos Estados Unidos abalou o mercado. A mariposa bateu suas asas na floresta amazônica. A concorrência foi muito acirrada. O mercado esteve praticamente parado. Nosso produto, muito caro. As margens, muito pequenas. Os prazos, muito apertados. Os clientes, muito exigentes.


Situação que me leva a algumas conjecturas:


Não foram exatamente estas, ou quase estas, as desculpas que demos no ano passado, no retrasado, e no outro, e no outro, e assim para trás até a primeira sessão de planejamento logo depois do Dilúvio Universal?


Não é exatamente para enfrentar desafios e dificuldades e explorar possibilidades e oportunidades que se fazemos planejamento?


Por que o erro do Plano é sempre a realidade, nunca o Plano? Por que o problema é sempre as circunstâncias externas nunca as internas? Sempre do Plano, nunca de quem elaborou o Plano, nem de como planejou?


Por que não planejamos o ano que vem, pelo menos, em setembro deste ano em vez de em fevereiro ou março do ano que vem e perdemos 3 meses em vez de ganhá-los?


Por que só revemos o Plano agora, no começo deste ano, quando ele já está no IML? Só quando o dito cujo já bateu as botas, em vez de checarmos seu pulso diariamente?


Enfim, porque repetiremos neste ano os mesmos erros que vimos cometendo todos esses anos?


Quais erros?


Primeiro. O pior de todos: não planejamos.


…. por que dá muito trabalho. Demanda muito esforço e não temos tempo para desperdiçar com isto.


Parabéns! Descobrimos uma metodologia muito mais eficiente de administrar um negócio: ir tocando conforme o vento sopra, tomando decisões apressadas e imediatistas, vendendo o almoço para comprar o jantar. Atirando pra tudo quanto é lado.


Contar com a sorte. Acender velas pro santo para fechar aquele contrato ou estamos fritos. Optar por arriscar tudo no 17 vermelho.


Legal! Para no fim descobrir que houve um monte de esforços e recursos desperdiçados em canoas furadas e que se perdeu o bonde do sucesso enquanto gastávamos tempo olhando para o lado errado.


… por que acreditarmos que planejar não adianta nada, afinal, todas as vezes que planejamos, nada que planejamos aconteceu.


Parabéns! Descobrimos alguns excelentes exemplos do que é planejar mal ou errado, ou mal e errado. Melhor agora é parar de culpar a disciplina de planejar e planejar direito.


…. por que a realidade teima em não obedecer o nosso plano.


Parabéns. Acabamos de descobrir que planejamento não determina a realidade. Apenas procura interpretá-la. Antecipar tendências. Criar cenários. Sim cenários. Várias possibilidades. Das super-hiper-mega-otimistas de crescimento de 1.237%, e também as mais realistas de crescimento menores assim como as que considerem estagnação e até uma descida sem freios ladeira abaixo com agressiva redução de receitas e/ou das margens.


Segundo. Resolvemos determinar a realidade, o mercado, a atuação da concorrência e as reações do cliente.


Subestimamos a concorrência. Dizemos que vamos conquistar uma fatia do mercado, uma grande de preferência, esquecendo que os concorrentes também estão planejando a conquista da mesma fatia, ou ainda, de fatias maiores. A nossa, inclusive.


Superestimamos nossas forças e o mercado. Determinamos que cresceremos 30% quando nunca, nunquinha, crescemos nem 10 e o nosso mercado não vai crescer nem 5.


Ignoramos nossas fraquezas crônicas. Marketing vai continuar sem falar com Vendas, ambos sem integração com Produção, que não fala com Logística.


Ignoramos o cliente. Não falamos com ele, não perguntamos o que ele quer. E se perguntamos não ouvimos. E se ouvimos não acreditamos. Se acreditamos, não respondemos. Afinal, cliente não sabe nunca o precisa. Nós é que sabemos. Sabemos tudo, o que ele quer, como quer, quanto vamos cobrar e quanto ele vai ficar feliz em pagar apenas para garantir nossas margens e o meu bônus de final de ano.


Terceiro. Ignoramos as vozes de quem sabe para ouvirmos apenas as nossas.


Contratamos high potential’s, enchemos a empresa de MBAs, reunimos dezenas, centenas, talvez milhares de cabeças pensantes enfrentando a realidade do dia-a-dia no dia-a-dia, e ainda somamos outras tantas num callcenter que ouve o resultado de nossas “maravilhosas estratégias” o dia inteiro o ano inteiro. Mas na hora de planejar reunimos nóis cinco. Os Iluminados. Os que sabem tudo, os que conhecem tudo. Só que erraram tudo ano passado.


Enfim…, fica muito claro que falta um bom planejamento. Um feito com uma metodologia eficiente, com ouvidos atentos às vozes externas e internas, com olhos abertos à realidade, com uma visão coerente de quem somos, em que mercado atuamos, quais nossas forças e nossas fraquezas, nossas ameaças e nossas oportunidades – uma simples análise swot.


Um planejamento que nos indique caminhos, alternativas, mas que não esteja impresso em mármore ao ponto de ser tornar uma amarra que nos impeça de mudar de rumos e aproveitar oportunidades não previstas ou de desviarmos de icebergs pelo caminho. Um bom plano que seja mais bússola do que mapa.


Mas além disto tudo, falta vontade. Afinal, quem tem vontade, também planeja. Mas também acorda cedo todos os dias e vai à luta.


Vai à luta, e transforma plano em realidade.




Continua amanhã...


Sou Eduardo Cupaiolo penso e repenso o lado humano nas organizações. Quem saber mais sobre cultura organizacional e como lidar com seus desafios, conheça A Jornada do Líder.


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